joão caetano

O apartamento, situado num edifício dos anos 90, apesar de ter área e organização adequadas aos novos proprietários, apresentava-se como um conjunto de espaços relativamente desqualificados, desconfigurados por ressaltos em paredes e outros acidentes reflexo da estrutura ou das instalações técnicas, com tetos baixos em espaços de circulação, e uma carga de elementos decorativos como sancas de teto ou desenhos de pavimento questionáveis. Tudo isto, acrescido de uma separação estanque dos compartimentos, providenciada por portas de dimensões acanhadas, contribuía para uma sensação algo claustrofóbica, apesar das áreas generosas.

A intervenção mantém a organização espacial existente, mas consegue uma sensação de amplitude e ligação entre os espaços, através da limpeza de todos os acidentes, da maior abertura entre os espaços, da continuidade dos tetos, com supressão de tetos falsos, portas do chão ao teto e continuidade dos pavimentos, com adoção de um novo pavimento de madeira em todo o apartamento, com a única exceção das instalações sanitárias. 

A partir do átrio de entrada, as novas portas para a cozinha, sala e átrio dos quartos tomam a maior dimensão possível e ficam abertas encostadas às paredes, sem constituir obstáculo, A separação para a zona privada dos quartos, não desaparecendo, é assim amenizada. A porta entre a cozinha e a sala de jantar é reposicionada, abrindo o canto da sala e criando um novo eixo visual que se prolonga para o exterior. A pormenorização, nomeadamente das carpintarias (portas, armários e móveis de cozinha), procura não perturbar a continuidade dos planos das paredes.